Em um movimento surpreendente, a plataforma de compartilhamento de vídeos Rumble anunciou oficialmente sua saída do mercado brasileiro como resposta às crescentes pressões judiciais e demandas do governo para remover criadores de conteúdo da plataforma que não falam aquilo que o governo quer ouvir. O anúncio foi feito pelo presidente do Rumble, Chris Pavlovski, em 22 de dezembro de 2023, destacando a decisão como um protesto contra a onda de censura imposta aos usuários.
Ao que parece nesta luta, para o governo brasileiro e o judiciário, não é o suficiente não repassar dinheiro público para quem fala diferente, é necessário calar, bloquear, retirar todo o conteúdo, desmonetizar, deixar sem ter como se sustentar.
Nos dias que antecederam o anúncio, a plataforma já havia removido parcialmente o canal Terça Livre em conformidade com uma ordem emitida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O canal, administrado pelo jornalista exilado Allan dos Santos, tornou-se um exemplo marcante da batalha entre a plataforma e as decisões judiciais brasileiras. O referido jornalista, enquanto ainda no Brasil, chegava a ter milhares de espectadores online, passando muitos veículos da grande mídia na plataforma YouTube.
Ao acessar o site do Rumble, os usuários são confrontados com a mensagem esclarecedora:
“Devido às exigências do governo brasileiro para remover criadores de nossa plataforma, o Rumble está atualmente indisponível no Brasil. Estamos desafiando estas exigências do governo e esperamos restaurar o acesso em breve”.
Chris Pavlovski, através de uma rede social (Twitter/X), expressou sua determinação em não se curvar às demandas estrangeiras que visam censurar criadores da plataforma. A decisão de retirar o Rumble do Brasil é vista como uma resposta direta às ações do Judiciário brasileiro, que tem, segundo Pavlovski, favorecido a censura de conteúdos de determinadas perspectivas políticas.
Apesar da retirada da plataforma do Brasil, os usuários ainda têm a opção de acessar o serviço por meio de uma Rede Privada Virtual (VPN). Pavlovski garantiu que a medida não terá impacto financeiro significativo para a empresa.
Em nota oficial, Pavlovski explicou a decisão:
“Recentemente, os tribunais brasileiros exigiram que removêssemos certos criadores do Rumble. Como parte da nossa missão de restaurar uma internet livre e aberta, comprometemo-nos a não alterar as metas das nossas políticas de conteúdo. Dessa forma, decidimos desabilitar o acesso ao Rumble para usuários no Brasil enquanto contestamos a legalidade das demandas dos tribunais brasileiros”.
A nota expressou a decepção da empresa com as decisões judiciais, lamentando a perda da capacidade do povo brasileiro de acessar uma ampla gama de conteúdos na plataforma. O Rumble espera que os tribunais reconsiderem suas decisões para que possam restaurar os serviços no Brasil em breve. O episódio ressalta os desafios enfrentados pelas plataformas de mídia social em meio a tensões políticas e conflitos de interesse em diferentes jurisdições ao redor do mundo.
Relevante citar que o conteúdo de tais criadores continuam na plataforma, só que não para usuários com IP do Brasil. Ou seja, todos os mais de 200 países do mundo tem acesso a tais conteúdos.
Se as coisas continuarem desse jeito, em breve todos os pequenos canais ou plataformas de notícias serão censurados quando falarem mal de políticos ou, especialmente, de Ministros do STF.
A Constituição Federal garante a liberdade de expressão, vedando o anonimato. Se o jornalista está falando em seu canal de forma não anônima, sem agressões, não haveria motivo de censura a ponto de remover o seu conteúdo de mais de 200.000.000 de brasileiros.