Introdução: O Choque da Cobrança e a Resistência Popular na Rodoviária do Plano Piloto
A Rodoviária do Plano Piloto, inaugurada em 1960, transcende a função de um mero terminal de ônibus; ela é o coração pulsante de Brasília, um ponto de integração e passagem para centenas de milhares de pessoas diariamente, com estimativas que variam de mais de 700 mil a 650 mil usuários. Por quase 65 anos, este espaço público vital foi gerido diretamente pelo poder público , consolidando-se como um bem comum, acessível a todos sem custos adicionais pelo uso de suas infraestruturas básicas. No entanto, essa realidade mudou drasticamente.
A partir de 1º de junho de 2025, o Consórcio Catedral assumiu a gestão da Rodoviária por um período de 20 anos. A alteração mais impactante para a população, contudo, materializou-se em 6 de julho de 2025, com o início da cobrança pelo uso dos estacionamentos públicos em seu entorno. O que antes era gratuito, agora impõe um custo, variando de R$ 7 a R$ 12 por hora, com a oferta de diárias e planos mensais.
A matéria da Candangada (www.candangada.com.br) critica veementemente essa cobrança em um espaço público, encarando-a como uma privatização do que foi adquirido com o dinheiro de todos. A empresa Catedral, nova concessionária, passou a ter uma nova e substancial fonte de renda: as quase 3.000 vagas de estacionamento que antes eram gratuitas. Contudo, a população do Distrito Federal e aqueles que trabalham na região demonstraram uma notável sagacidade e resistência, optando por

NÃO ADERIR ou financiar tal prática. Nossa reportagem registrou imagens na manhã de 10 de julho de 2025 que revelam os estacionamentos visivelmente vazios, um claro e eloquente sinal de protesto e não aceitação. A mensagem é inequívoca: se essa situação de esvaziamento persistir, a empresa enfrentará sérias dificuldades financeiras, podendo, inclusive, deixar o terminal em breve. A Rodoviária do Plano Piloto, enquanto hub central e histórico, possui um valor simbólico e funcional que vai além de sua infraestrutura física. A monetização de seus estacionamentos, portanto, não representa apenas uma mudança de serviço, mas uma alteração profunda na percepção de acesso a um bem público fundamental. A resposta rápida e visível da população, ao deixar os estacionamentos vazios apenas quatro dias após o início da cobrança, não é um acaso; é uma demonstração de resistência ativa, um boicote que visa impactar diretamente a receita da concessionária e, assim, comprometer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de PPP, que depende crucialmente dessa fonte de receita.

O Contrato da Discórdia: Detalhes da Concessão à Catedral e a Inclusão das Vagas como Fonte de Receita
O Governo do Distrito Federal (GDF) tem reiterado que a Rodoviária do Plano Piloto não foi “privatizada”, mas sim que houve uma “concessão da gestão” do complexo por 20 anos. O objetivo declarado dessa medida seria “melhorar as condições”, além de promover “eficiência, dinamismo e segurança” para os usuários. No entanto, para o cidadão comum, a introdução de cobrança em um espaço que era público e gratuito, com fins lucrativos para uma empresa privada, é percebida, na prática, como uma privatização do acesso.
O Consórcio Catedral, vencedor da concorrência nacional, é composto pelas empresas RZK Empreendimentos Imobiliários Ltda. e Atlântica Construções, Comércio e Serviços Ltda.. Este grupo assumiu oficialmente a gestão em 1º de junho de 2025. A RZK Concessões, parte integrante do consórcio, possui um histórico de projetos de grande complexidade na iniciativa privada e em concessões de equipamentos públicos, incluindo a exploração comercial de terminais e estações de metrô em São Paulo.
A concessão prevê um investimento de R$ 120 milhões em modernização, segurança e infraestrutura da Rodoviária. Contudo, o secretário de Mobilidade, Valter Casimiro, foi explícito ao afirmar que “Os estacionamentos entram na PPP como fonte de receita para poder custear as despesas da Rodoviária” e que a cobrança é um “pilar para assegurar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato”. O Consórcio Catedral apresentou uma proposta de 12,33% sobre a receita bruta para a outorga ao GDF, sendo essa receita proveniente de “aluguéis, publicidades e estacionamentos rotativos, entre outros serviços”. Esta dependência da receita do estacionamento demonstra que ela não é um mero complemento, mas um componente crítico e estrutural para a sustentabilidade financeira da concessão de 20 anos. Sem a adesão da população ao pagamento, o modelo de negócio da concessionária fica seriamente comprometido.
Anteriormente, a Rodoviária oferecia 2.902 vagas gratuitas. Com a concessão, essas vagas se transformaram em um ativo valioso para a concessionária, convertendo um serviço público gratuito em uma fonte de lucro. A empresa Atlas Park foi inclusive contratada pela Catedral para operar os estacionamentos. A escolha do Consórcio Catedral, que ofereceu 12,33% sobre a receita bruta (inferior aos 18,90% de outro consórcio, o Rodoplano ), pode indicar que a estimativa de receita dos estacionamentos era considerada robusta o suficiente para justificar a proposta, ou que outros critérios foram priorizados pela Semob-DF. No entanto, a atual situação de esvaziamento desafia essa estimativa inicial, colocando em xeque as projeções de faturamento.
A cronologia a seguir detalha os marcos da concessão:
Data | Evento Chave | Fonte (ID do Snippet) |
2021 | ||
Projeto de Lei nº 2260/2021 | Autoriza a concessão da Rodoviária. | |
05/12/2021 | Projeto de Lei aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da CLDF. | |
2022 | ||
21/11/2022 | Decreto nº 43.961 regulamenta a Lei Complementar 692/2004, que trata da concessão onerosa de estacionamento rotativo em vias e logradouros públicos do DF. | |
2024 | ||
Dezembro de 2024 | TJDFT suspende trâmite do processo de concessão por alegação de irregularidades (liminar). | |
2025 | ||
Data não explícita (anterior a Junho) | Consórcio Catedral apresenta proposta de 12,33% sobre a receita bruta e é declarado vencedor da concorrência. | |
01/06/2025 | Consórcio Catedral assume oficialmente a gestão da Rodoviária do Plano Piloto por 20 anos. | |
06/07/2025 | Início gradual da cobrança pelo uso do estacionamento na Rodoviária (próximo ao Conic e plataforma superior). | |
10/07/2025 | Reportagem da Candangada registra imagens de estacionamentos vazios. | (User Query) |
Estacionamentos Vazios, Bolsos Cheios (da Concessionária): A Realidade do Dia 10/07/2025 e a Não Adesão da População
Na manhã de 10 de julho de 2025, a Candangada registrou uma cena que fala por si: os estacionamentos públicos ao redor da Rodoviária do Plano Piloto, que deveriam estar gerando receita para a concessionária, estavam visivelmente vazios. Essa imagem é a prova mais contundente da “não adesão” da população, que se recusa a financiar uma prática percebida como injusta. A ação da população, de deixar os estacionamentos vazios, é uma forma de protesto ativo, onde a medida destinada a gerar receita está, na prática, inviabilizando-a.
A cobrança gerou um descontentamento imediato e profundo. Mauro Mesquita, proprietário de uma lanchonete no Conic há seis anos, ilustra o impacto direto: ele calculou que a diária de R$ 30 resultaria em um gasto anual de quase R$ 9 mil, uma despesa não prevista que o forçou a procurar estacionamento gratuito em outras áreas, fora da concessão. Mesquita expressou o temor de uma queda drástica na clientela, pois “o pessoal não vai pagar estacionamento para vir lanchar na minha loja,” o que pode levar a demissões e até à necessidade de mudar seu negócio de local. Henrique Mendonça, diretor de empreendimento no Conic, corroborou essa preocupação, afirmando que a cobrança representa uma despesa inesperada que prejudica o comércio local.
Especialistas em mobilidade urbana já haviam antecipado essa reação. Wesley Ferro, por exemplo, previu que a população, diante do novo custo, buscaria alternativas gratuitas ou migraria para o transporte público. Ele defende a retomada do projeto “Zona Verde”, que prevê estacionamento em estações de metrô e terminais de ônibus sem custo para usuários do transporte público, incentivando a integração intermodal e o acesso à área central via transporte coletivo. Contudo, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF), por sua vez, já informou que não há previsão de implantar transporte gratuito por meio de vans ou ônibus para a Rodoviária , deixando a população sem alternativas diretas do governo e potencialmente agravando a situação.
O diretor do Consórcio Catedral, Enrico Capecci, justificou os valores, afirmando que foram definidos com base em “critérios técnicos e observação dos padrões praticados na região central”. Ele também mencionou que a empresa optou por atrasar a cobrança para “dialogar com os usuários durante os primeiros 30 dias, informando previamente sobre os valores” , e que todos os veículos estacionados estariam cobertos por seguro. No entanto, essas justificativas não parecem ter sido suficientes para convencer a população a aderir. A rápida e visível rejeição da população à cobrança demonstra que o valor percebido do serviço não compensa o custo imposto, especialmente para aqueles que já enfrentam desafios econômicos. O fracasso na adesão popular ao estacionamento pago pode comprometer seriamente o “equilíbrio econômico e financeiro do contrato” , que depende diretamente dessa receita. Se a concessionária não conseguir atingir suas projeções de faturamento com o estacionamento, poderá enfrentar dificuldades para cumprir os investimentos prometidos ou até mesmo para manter a operação, o que poderia levar à sua saída do terminal.

Imagem: estacionamento em frente ao Conjunto Nacional, que não tem cobrança ainda, cheio.
O Custo da “Modernização”: O Impacto nos Usuários e Comerciantes da Região
O Consórcio Catedral prometeu investir R$ 120 milhões na Rodoviária , com a expectativa de diversas melhorias. Entre elas, destacam-se a recuperação de equipamentos como escadas rolantes e elevadores, o aumento da segurança e organização, a implantação de uma sala multissensorial para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e uma nova sala de controle equipada com câmeras e tecnologia de reconhecimento facial.
No entanto, essas promessas de modernização vêm acompanhadas de um custo direto e pesado para os usuários. A cobrança foi implementada gradualmente, com valores de R$ 7 por hora para as vagas próximas ao Conic e na plataforma superior, e R$ 12 por hora para as vagas localizadas atrás da Rodoviária, perto do Conjunto Nacional. Além das tarifas por hora, foram introduzidas opções de diárias a R$ 30 e planos mensais que variam de R$ 250 a R$ 350, dependendo da localização.
Para trabalhadores e comerciantes como Mauro Mesquita, que utilizam o estacionamento diariamente por longas horas, o custo se torna proibitivo. Um gasto anual de quase R$ 9 mil para estacionar representa uma despesa insustentável que não estava prevista em seus orçamentos. Essa imposição financeira gera um desequilíbrio que afeta diretamente a subsistência e a dinâmica comercial da região. A modernização da Rodoviária, embora bem-vinda, está sendo financiada por um modelo que transfere o ônus financeiro diretamente para os usuários mais frequentes e para a comunidade local, que antes usufruíam do espaço gratuitamente.
A concessionária destaca que todos os veículos estacionados estarão cobertos por seguro , um benefício adicional. Contudo, para muitos, essa vantagem não justifica o alto valor da cobrança, especialmente quando o principal desejo é o acesso gratuito ou a um custo razoável a um espaço público essencial. A concessionária busca agregar valor ao serviço de estacionamento (segurança, modernização) para justificar a cobrança. No entanto, para a maioria dos usuários, o valor da gratuidade e da acessibilidade supera o valor dos benefícios adicionais. A “modernização” é percebida como um custo imposto, e não como uma melhoria que compense a despesa. Essa situação expõe uma falha na comunicação ou na compreensão das necessidades do público-alvo por parte da concessionária e do GDF, onde a insatisfação não é por falta de aviso, mas por um desacordo fundamental com a própria premissa da cobrança em um espaço público.
A tabela a seguir detalha os valores de estacionamento na Rodoviária do Plano Piloto:
Tipo de Vaga/Plano | Valor | Fonte (ID do Snippet) |
Hora (próximo ao Conic / plataforma superior) | R$ 7,00 | |
Hora (atrás da Rodoviária, perto do Conjunto Nacional) | R$ 12,00 | |
Diária (geral) | R$ 30,00 | |
Mensal (Plataforma superior / atrás do Conic) | R$ 250,00 | |
Mensal (Atrás do Conjunto Nacional) | R$ 350,00 |
Espaço Público, Lucro Privado: A Crítica à Privatização de um Bem Comum
A cobrança pelo estacionamento da Rodoviária do Plano Piloto é mais do que uma medida isolada; é um sintoma de um problema maior: a apropriação privada de espaços que, por sua natureza e financiamento público, deveriam servir ao bem comum e ter acesso livre ou minimamente oneroso. A Rodoviária, enquanto símbolo de Brasília e construída com o dinheiro de todos, tem sua monetização para fins de lucro privado levantando sérias questões éticas e sociais.
A privatização de espaços públicos é um tema de crescente debate global. Especialistas apontam que esses espaços são locais de “produção social, lugar de direitos, possibilidade de construção de cidadania”. A lógica privatizante, ao transformar bens comuns em fontes de receita para o setor privado, “bloqueia a produção do comum” e retira o potencial politizador das cidades como “lugar de lutas e disputas políticas”. Há um conflito fundamental entre a lógica econômica da concessão (gerar receita para investimentos e lucro) e a função social e democrática do espaço público. Ao transformar um bem comum em um produto a ser tarifado, o GDF e a concessionária estão, intencionalmente ou não, restringindo o acesso e apropriação desse espaço por parte da população, especialmente os mais vulneráveis.
A situação da Rodoviária não é um caso isolado, mas um reflexo de uma tendência preocupante no Distrito Federal. O Decreto nº 43.961/2022, por exemplo, regulamenta a concessão onerosa de estacionamento rotativo em diversas vias e logradouros públicos. O “Projeto Zona Verde” autoriza a concessão, por 20 anos, para a exploração de estacionamentos pagos em várias regiões estratégicas do DF, incluindo as Asas Sul e Norte, Esplanada dos Ministérios, e bolsões de estações de Metrô e BRT. Isso indica uma decisão governamental de transformar o estacionamento público em uma fonte de receita generalizada. A cobrança na Rodoviária, portanto, é um microcosmo de uma política macro do GDF de monetização de espaços públicos, legitimada por um arcabouço legal que permite a concessão onerosa de estacionamentos em diversas áreas da capital.
A crítica à privatização de espaços públicos no Brasil aponta que “os agressores contam com o cansaço do cidadão e o beneplácito da autoridade pública”. Isso sugere que a facilidade com que essas concessões avançam pode ser atribuída à desmobilização popular e à complacência do poder público em ceder bens comuns ao setor privado. Essa política pode levar a uma cidade mais segregada, onde o acesso a áreas centrais e serviços essenciais (como a Rodoviária) se torna um privilégio para quem pode pagar, contrariando a visão de Brasília como uma cidade planejada para todos, com amplos espaços públicos e acessibilidade. O “Projeto Zona Verde” revela que a monetização do estacionamento é uma estratégia de longo prazo do GDF para diversas áreas da cidade, e o que acontece na Rodoviária pode ser um teste para a aceitação pública e a viabilidade econômica de um modelo que se pretende expandir por todo o DF, transformando a dinâmica de mobilidade e acesso em grande escala.
A Ironia da Cobrança: Onde Realmente se Deveria Cobrar Estacionamento no DF? (Buriti, TCDF, Câmara Distrital)

Diante da justificativa de que a cobrança visa “gerar receitas para modernizar a rodoviária” e “ordenar o fluxo de veículos” , a Candangada lança uma provocação irônica: se o objetivo é monetizar estacionamentos públicos, por que não começar pelos locais onde a capacidade de pagamento é inquestionável? Sugerimos, com sarcasmo, que o estacionamento do Anexo do Palácio do Buriti e do TCDF, bem como o estacionamento em volta da Câmara Distrital, seriam excelentes locais para iniciar a cobrança.
Nossa reportagem propõe que se cobre R$ 12,00 por hora – o valor mais alto cobrado na Rodoviária – do servidor público e do Governador, que “ganham bem” e “podem pagar”. Essa sugestão contrasta fortemente com a situação da população que utiliza a Rodoviária para trabalho, transporte essencial ou acesso a serviços básicos, e que agora enfrenta um custo que compromete seu orçamento. Essa proposta irônica não é apenas uma provocação, mas um questionamento direto sobre a equidade na aplicação das políticas de monetização de espaços públicos, expondo uma percepção de dois pesos e duas medidas.

Atualmente, os estacionamentos do Anexo do Palácio do Buriti e da Câmara Legislativa são amplamente utilizados por servidores e visitantes, e não há indicação clara de que sejam pagos para o público em geral. Inclusive, o GDF investiu em reformas e revitalizações desses espaços e até oferece um serviço de transporte circular gratuito do Parque da Cidade para o Anexo do Buriti para servidores e visitantes, a fim de reduzir o trânsito e evitar estacionamento irregular. Embora haja discussões legislativas sobre cobranças proporcionais ou isenção para servidores , a prática corrente parece ser de gratuidade ou acesso facilitado. Há um contraste gritante entre um hub de transporte público, vital para trabalhadores e pessoas de menor renda, onde o estacionamento é agora caro, e edifícios governamentais, frequentados por servidores de maior renda, onde o estacionamento permanece gratuito ou subsidiado. Essa disparidade cria uma forte percepção de injustiça social e hipocrisia, podendo corroer a confiança pública nas motivações declaradas do GDF para as PPPs.
Conclusão: O Futuro da Mobilidade em Brasília e a Voz da População
A cobrança pelo estacionamento da Rodoviária do Plano Piloto é mais um capítulo na controversa tendência de privatização de espaços públicos em Brasília. O que era um bem comum, financiado por todos, agora gera lucro para uma empresa privada, em detrimento do acesso e da economia da população do Distrito Federal. A Rodoviária do Plano Piloto se tornou um palco emblemático para a disputa entre o modelo de gestão pública-privada e o direito fundamental ao espaço público, com a população exercendo sua voz através da não adesão.
A reação imediata da população, expressa na decisão de “não aderir” à cobrança e deixar os estacionamentos vazios, é uma forma potente de resistência. Essa atitude, se mantida, pode impactar diretamente a viabilidade financeira do Consórcio Catedral, validando a previsão de que “se tal situação continuar, a empresa irá quebrar e sair do terminal logo logo.” Este é um lembrete claro de que o poder de compra e a adesão da população são cruciais para o sucesso de qualquer concessão. O resultado da situação do estacionamento da Rodoviária servirá como um precedente crítico para todas as futuras PPPs envolvendo espaços públicos e monetização de estacionamentos no DF. Se a concessionária enfrentar dificuldades financeiras devido à resistência pública, isso enviará um sinal forte ao GDF e a outros potenciais parceiros privados sobre os limites da aceitação pública para tais cobranças.
O caso da Rodoviária do Plano Piloto exige um debate mais amplo e transparente sobre o futuro da mobilidade urbana em Brasília e a gestão de seus espaços públicos. É fundamental questionar se a busca pela “modernização” e “eficiência” deve vir à custa da acessibilidade, da equidade e da própria natureza de um bem comum.
É fundamental que o GDF e as concessionárias busquem soluções que beneficiem a todos. A sugestão de Wesley Ferro, especialista em mobilidade, de retomar o projeto “Zona Verde” com estacionamentos gratuitos em estações de metrô e terminais de ônibus para usuários do transporte público , é um exemplo de como incentivar a integração intermodal e o uso do transporte coletivo de forma mais justa e sustentável. A cidade precisa de soluções que qualifiquem o serviço sem onerar desproporcionalmente o cidadão. Essa situação pode forçar o GDF a reavaliar sua estratégia para monetizar espaços públicos, levando a abordagens mais cautelosas, modelos de precificação revisados, ou uma maior ênfase na consulta pública e em soluções alternativas, como incentivos ao transporte público integrado.
A Candangada conclama os leitores a refletirem sobre a apropriação de nossos bens públicos e a exigirem de nossos governantes políticas que priorizem o interesse coletivo, garantindo que Brasília continue sendo uma cidade para todos, e não apenas para quem pode pagar.
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